domingo, 1 de outubro de 2017

OUTUBRO – Rafael Rocha

No dia em que o fogo queimou as plantas.
No dia em que a água dançou no ar.
No dia em que a terra gritou pelo vento:
- Nasceu um poeta!

Tornou-se o dia de embelezamento das palavras.
Tornou-se o dia de abrir todos os livros.
Tornou-se o dia de enfeitar a atmosfera
com uma canção incomum.

O acaso trouxe o sangue à esfera
de um cérebro vivo e rutilante.
E as horas e os minutos e os segundos fizeram a reverência
igual àquela que se faz a um rei.

Às catorze horas de um sábado
hoje mais remoto que o primeiro sábado da idade da pedra
a carne se fez em paixão e inteligência
em plena tarde.

No dia em que o vento girava pela terra.
No dia em que o ar musicava as águas.
No dia em que as plantas apagavam o fogo
a vida tornava-se poema.

Era apenas o primeiro dia de outubro
tão comum como qualquer outro dia.
Era o meu!

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